Procura

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Only Looooove... - The Who




Esta música é antológica!
Belíssima, está encaixada no lugar errado do filme.

Ela deveria fazer parte da cena final, momento de auto-reflexão, do personagem central, esse protótipo de herói, construído pela película de 1979 (Quadrophenia), que após todos os desmantelos da vida resolve jogar a scooter dos seus sonhos para o infinito mar, que a irá consumir profundamente na imensidão abissal. Jimmy tinha uma personalidade. A experiência da vida destruiu todas as bases de sua personalidade, esta personalidade primeira, flamenjante, que tudo vivia intensamente. 
Aquela scooter,  objeto de desejo, ele a conseguiu após ter perdido as bases de sua personalidade primeira. Será que a personalidade nunca conseguirá alcançar seus sonhos? Ou deve ser preciso ultrapassá-la pra chegar verdadeiramente a meta? Qual a função do sonho então?
Entre todas essas dúvidas, a única certeza é que o mar aguarda feliz o que quer que entreguemos a ele. Curando, limpando, amenizando cicatrizes.

Letra de PETER TOWNSHEND 
 
Only love
Can make it rain
The way the beach is kissed by the sea.
Only love
Can make it rain
Like the sweat of lovers'
Laying in the fields.

Love, reign o'er me.
Love, reign o'er me, rain on me.

Only love
Can bring the rain
That makes you yearn to the sky.
Only love
Can bring the rain
That falls like tears from on high.

Love Reign O'er me.

On the dry and dusty road
The nights we spend apart alone
I need to get back home to cool cool rain.
The nights are hot and black as ink
I can't sleep and I lay and I think
Oh God, I need a drink of cool cool rain.

sábado, 1 de outubro de 2011

The Animals, Hit the Road



Em 1966 os aclamados The Animals fizeram uma versão um tanto quanto malemolenta, porém, extremamente estilosa, da famosa Hit the Road Jack do humilde R&B representante, Percy Mayfield. A canção, que iria estourar na voz do também pianista Ray Charles, ficou marcada na história pelo vocal feminino que este divide com Margie Hendricks, do grupo Raelettes. De qualquer forma, esta versão do Animals deixa de lado as histerias que Charles e Margie (que com a ajuda das letras da canção em questão, parecem mais uma verdadeira briga de cumadres) ensaiavam em suas produções, e nos abraça com uma cadência suave e contagiantemente easy.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A Morte da Canção

O musicólogo José Ramos Tinhorão, famoso por suas críticas mordazes à Bossa Nova, nos surpreende em seu livro publicado no Brasil neste ano de 2011 As Origens da Canção Urbana, com a ideia da morte desta que lhe dá nome. Ora, a canção, gênero que remete a alguém cantando juntamente com o som de um violão uma melodia de carga afetiva e sentimentalista está na mira da grande indústria cultural.Tinhorão vem nos alertar que a canção está em fase de despedida, está morrendo, pois ninguém mais se senta para ouvir música, de maneira calma, pelo simples apreciar. No entanto, óbvio é que ela não vai desaparecer, como a música de câmara, que até hoje ainda existe e é lugar de lazer de uns poucos mais interessados por teoria musical e essas erudições da vida.
O que temos hoje, fazendo frente à antiga canção popular do século XVIII e XIX é a música de massa, vista de pé em estádios, por exemplo. Seu novo livro diz que a canção é um gênero que surgiu com a popularização da música e que, ao mesmo tempo, essa popularização que a fez surgir é responsável pelo seu iminente sumiço. O que seria a música de massa atual senão uma filha bastarda da primeira? Origens elitistas é que de fato não tiveram esses grandes sons que hoje fazem a cabeça dos jovens.
A canção popular deriva dos cantos épicos, que depois se transformaram em romances, que viraram romances líricos e por fim, se transformaram em canção. E hoje? Quem cria a música? Hoje a música é feita por sintetizadores que já têm música arquivada, e o artista, pobre, se diluiu na massa.



Fonte: entrevista feita por Daniel Constantinto, com adaptações.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Andrew Leigh - The Magician


Não há muitas fontes sobre o trabalho de Andrew Leigh. Porém, o que se sabe é que era um baixista talentoso e cantou hamornias com Matthews Southern Comfort & Iaim Matthews band. Ele aparece nos dois albuns desta banda, sejam eles: Second Spring e Later That Same Year. Depois que Matthews deixou a banda, eles continuaram apenas como Southern Comfort, produzindo então três álbuns. O primeiro deles foi Frog City, e é o mais semelhante em estilo a este The magician, que vos apresentamos agora. 


Tracks:
01. Magician
02. Get Myself Together
03. Going Out To The West
04. Solitaire
05. Windy Bake Street
06. Take Me Back
07. Leaving Song
08. Fresh Brown Eggs
09. Up The USA


Link para download:


http://www.mirrorcreator.com/files/N9157D3U/Andrew_Leigh_-_Magician__uk_1970__Ploydor_.rar_links

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Buzzcocks - You Say You Don't Loooooove Me



Por volta de 1974 o Buzzcocks surgia. Banda dos amigos Shelley, Devoto e Diggle, nomes que perduram até os dias de hoje na história da mesma. Este grupo fazia frente na música inglesa na ala paralela a cidade de Londres, a adorável Manchester. Após alguns problemas com a adaptação de sua pequena gravadora aos conglomerados da EMI, a banda passou por severas rupturas e dissidências. Sua temática aborda o amor jovem, a loucura, a tensão, as emoções dessa fase da vida humana. Nada de problemas políticos, isso era coisa de adulto! O Buzzcocks tem este diferencial.
Isto deu pano pra tanta manga, essa exaltação das afetividades juvenis, que o próprio Morrisey, aquele ícone do pop gótico inglês, sentiu-se encantado pela banda e fez uma versão requintada deste som que apresentamos para vocês agora. O envolvimento dessas duas bandas não pára por aí, tanto que Mike Joyce, outro musicista do Smiths, assume a bateria do Buzzcocks quando da saída de Maher.
Fiquem agora com a letra desta doce e singela, porém; sincera, música de amor juvenístico.

You say you don't love me
Well that's alright with me 'cos I'm in love with you
And I wouldn't want you doing
things you don't want to do
Oh you know I've always wanted
you to be in love with me
And it took so long to realize
the way things have to be
I wanted to live in a dream that couldn't be real
And I'm starting to understand
now the way that you feel
You say you don't
You say you don't

You say you don't love me
Well that's alright with me 'cos I have got the time
To wait in case someday you maybe change your mind
I've decided not to make the same
mistakes this time around
As I'm tired of having heartaches I've
been thinking and I've found
I don't want to live in a dream I want something real
And I think I understand now the way that you feel
You say you don't
You say you don't
You say you don't

[Solo]

You say you don't
You say you don't

You say you don't love me
Well that's alright with me I'm not in love with you
I just want us to do the things we both want to do
Though I've got this special feelin'
I'd be wrong to call it love
For the word entails a few things
that I would be well rid of
I've no need to live in a dream it's finally real
And I hope you now understand this feeling I feel
You say you don't
You say you don't
You say you don't love me
You say you don't love me
You say you don't love me
Mmm

domingo, 7 de agosto de 2011

Conversando com Viviani Fujiwara



A artista plástica brasileira é uma das revelações na pintura surrealista e fantástica dos últimos tempos. Com ascendência oriental e misturando técnicas diversas em suas obras, ela envolve pela poesia e delicadeza com que aborda o mundo dos sonhos e dos contos de fadas. Seu trabalho, que começou a ser difundido pela internet, hoje conquista fãs e admiradores nos quatro cantos. Nesta entrevista ela fala de sua coleção FairyFables, música e o papel do artista no mundo de hoje.



1)Quando você começou a pintar? É possível notar uma evolução de temas nas suas pinturas?
Como profissão eu comecei a pintar há mais de 20 anos, sendo 12 como profissão.
No começo tive muita influência de Klimt e do country americano e Pop americano também. Os trabalhos eram mais ilustrativos, mais infantis. Depois de um longo período (5 anos) sem pintar, surgiu esta nova realidade. Nem eu sabia o que esperar e quando recomecei, os primeiros rabiscos já eram diferentes dos trabalhos anteriores.

2)Seu trabalho envolve colagens, grafite, aquarela, vários tons e tipos de técnicas. Em que momento essas diferentes manobras começaram a se misturar? É possível identificar isso?
Já nos trabalhos anteriores (de 6 anos atrás), eu misturava lantejoulas e strass. E com o tempo e muita leitura e pesquisas vi diferentes tipos de técnicas e materiais e misturas químicas que dão um resultado bem particular ao trabalho.
3)Como você nomeia ou classifica a sua arte?
Sem rótulos .... uma mistura de pop, com surrealismo (em algumas pinturas), gosto do gótico e do lúdico formando um conceito de dualidade, Yin/Yang.Com certeza é contemporâneo. Gosto quando as pessoas vão descobrindo, com o tempo, elementos novos que passaram desapercebidos.
4)Em Maio deste ano houve uma exposição de suas telas na Curadoria de Arte em Recife. Qual o resultado deste tipo de evento para um artista independente?
Foi além das minhas expectativas. Eu via que meu trabalho era bem aceito na net, mas não esperava um retorno tão rápido! E apesar de pintar há anos, foi minha 1º exposição! E ainda individual! O saldo foi super positivo.
5)Expectativas quanto a políticas culturais e públicas de incentivo a arte e aos artistas em Natal?
Bom. Infelizmente, em Natal, quase não há espaço para arte.. O governo estimula o turismo, mas não muito a cultura. Mas é o lugar onde moro e tenho braços, pernas e uma cabeça pensante.... vamos à luta com armas que estão disponíveis. Não adianta lamentar nem dar desculpas (assim seria fácil demais né), O negócio é esquentar o movimento artístico da cidade. Vai acontecer dia 11.8 na UFRN uma exposição coletiva de alunos e artistas convidados e vai ter um trabalho meu lá.
Fora isso, estou em contato com alguns artistas da cidade para trocarmos figurinhas!

6)A coleção FairyFables encanta pela sua delicadeza e profundidade ao abordar os assuntos da infância com tom despretensioso e ao mesmo tempo poético. Qual a mensagem da artista para aqueles que passam os olhos pelas pinturas desta coleção?
Fairyfables foi um presente para mim! Eu amei e me identifiquei muito com cada quadro. Cada um conta uma história da minha vida, do meu cotidiano. O objetivo é de levar o espectador para o mundo de fadas e poesia. Adoraria ter o dom da escrita para poder colocar em ordem meus pensamentos, mas como não tenho, uso o dom que foi me dado, os pincéis!

7)Derrida, um filósofo contemporâneo, acredita na morte do autor. Com isto, entre outras coisas, ele quer dizer que entre autor e expectador há uma vala que impossibilita para o segundo recebe-la por completo do primeiro. Então, por mais que o autor queira comunicar algo, ninguém entenderá a sua mensagem primeira, pois cada um forma um universo em sua mente com o que recebe. Derrida desenvolveu esta idéia tendo por base a comunicação através de textos. Você acredita que as artes plásticas passem pelo mesmo drama?
Sim! Mas não vejo como um dilema e sim como algo pessoal. Acho que assim como muitos textos, as pessoas vêem o que querem, o que estão sentindo no momento.E isso é bom! A identificação, achar que aquele texto, ou aquela música, ou um quadro, cabe como uma luva em você!

8)Em suas telas podemos ver, em grande parte, um fundo natural, uma figura animal ou algum corpo celeste compondo cena para uma personagem feminina em primeiro plano. Qual o peso simbólico do feminino nestas pinturas?
Eu adoro tudo que é leve, suave e acho que as meninas retratam isso muito bem! E como disse no começo, gosto da dualidade, colocando elas em posições desconfortáveis, ou com um tema desconfortável, tatuadas, caolhas e melancólicas ... como cicatrizes adquiridas com o tempo.

9)Alguma tela ou trabalho de que goste mais, ou que queira destacar?
The Captive Heart (ao lado). Este para mim é o trabalho que mais gosto. Gosto do recado que ele passa.
Não é o de melhor técnica, nem usei materiais nobres e é um quadro pequeno, mas...
O coração cativo... é o que falta hoje. Na rua, na vizinhança, no trabalho... é o que falta nas pessoas. Ela é a guardiã de algumas virtudes como a caridade, a paciência e a humildade.

10) Em seus trabalhos podemos ver um mundo fantasioso sendo criado as pinceladas e traços. Você acredita no papel especial da fantasia para a formação do indivíduo? Como acha que a indústria do cinema e da televisão tem se apropriado disso para comover os pequeninos?
SIM! A fantasia faz parte da vida. Mesmo nos adultos!Elas servem para desestressar. Têm exemplos recentes no cinema: Narnia, Harry Potter, Game of Thrones, Homem Aranha, Batman... e posso citar uma lista quase infinita!

11)Quais os artistas que influenciaram seu trabalho como pintora e desenhista? Você se vê seguindo a linha de alguém ou criando algo novo?
Tive muitas influências dos clássicos como Klimt, Dalí, aos contemporâneos como Ray Cesar, Brian Viveros. Tudo que eu fiz, tudo que eu faço, é resultado de 34 anos de amor pela arte. Não só quadros, mas música, cinema, literatura.... você pega uma ideia, uma tonalidade, admira um artista e vai absorvendo todas essas informações disponíveis. Isso é o que eu sigo, é assim que eu faço minha arte.

12)Qual o papel do artista no mundo contemporâneo?
O papel do artista e quando falo artista, eu quero dizer músicos, autores, poetas....ainda é o de expressar. Mostrar a vida com outros olhos, uma visão diferente.

13)As cores usadas em suas telas incitam a ação e o sonho. É proposital?
Sim! às vezes eu passo mais de 1semana só pensando nas cores de um quadro. Não consigo começar sem antes ter as cores. Gosto de pesquisar, sobre o tema que eu quero propor e combinar as tonalidades para instigar a mensagem do trabalho.

14)Você é uma artista tradicional nas técnicas de trabalho. Usa tintas, pincéis e etc. Na atualidade a pintura e os trabalhos feitos a mão perderam um pouco espaço para ferramentas como o corel draw e diversos outros aplicativos e softwares que trazem o desenho e a criação para uma realidade virtual. Como você enxerga isso?
No percurso da história tudo muda né! Novos conceitos, novas mídias, novas visões.... tudo é arte e faz parte da sua história! E você pode usá-las a seu favor! Não existe história sem desenvolvimento e mudanças, o que se faz é absorver, aprender e fundir!

15)Que tipo de pessoa normalmente se sente tocada ao ver suas telas?
Olha, já me surpreendi com tantas pessoas diferentes comprando e comentando sobre meus trabalhos... mas normalmente são pessoas que gostam da magia, do imaginário, de mundos imaginários. Pessoas que gostam de ouvir histórias!

16) Há entre as suas telas um gato de terno, na estica, tocando um contra-baixo. Como a música influenciou os seus trabalhos e qual o papel dela nessa coleção da qual ele faz parte?
A música faz parte da minha vida como comer e dormir. E muitas vezes foi minha inspiração...
A série PARDOS será toda relacionada aos gatos e sua vida boêmia, barulhenta e ao mesmo tempo silenciosa... onde " à noite, todos os gatos são pardos". O projeto ainda está em andamento.

17) Projetos para o futuro?
Sim! Sempre! Vou começar essa semana um curso de Hiper realismo com um artista maravilhosos aqui de Natal.
Dia 11.08 começa uma exposição coletiva, chamada EU-OUTRO, realizada pela UFRN.
Um projeto em andamento para CASA FORA Do EIXO em SP.
E muitas encomendas!

18) O país tem nomes como Tomie Otaki, por exemplo, que carregam, como no seu caso, a descendencia japonesa e a capacidade de inovar no circuito artistico nacional, servindo de referencia. A arte tipica oriental ou os artistas com tal ascendencia te influenciaram de um modo?
Sim muito! A arte no japão sempre fez parte do cotidiano e não foi diferente na minha família. Desde pequena eu aprendi a fazer origamis, kirigamis, caligrafia.
As pinturas clássicas japonesas têm uma sutilidade e uma força características e belíssimas!
Sem dúvida tive muita influência do Japão e ainda tenho, pois minhas damas tem uma pontinha de Mangá.

19) Jogo Rápido:

Neil Gaiman ou Alan Moore?
Gaiman

Rosas ou Margaridas?
Rosas

Cinema ou Teatro?
Cinema

Soul ou Jazz?
Jazz

Bonecas ou Carrinhos?
Bonecas

19) Deixe um recado para os admiradores de sua arte.
Muito amor, paz e sabedoria! Sempre!

Obrigada pela entrevista, conte sempre com o blog Mondo Teeno quando precisar!

Contato:


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Conversando com Os Haxixins


Nascidos da Zona Leste de São Paulo, tendo lançado trabalhos em vinil com a portuguesa Groovie Records e turnês que vão do Nordeste brasileiro à Espanha, a banda Os Haxixins está na estrada desde 2003 e com uma combinação supimpa de conhecimento musical e estilo trazem a américa do sul a modernidade do rock'n'roll garageiro. Agradecemos a Edu e Uly em especial pelos contatos e atenção ao responder a entrevista.

1)Como Os Haxixins caracterizam o próprio som? Quais as referências musicais mais marcantes para cada um dos integrantes?
Acreditamos que o nosso seja bem primitivo. Quanto a rotular, fica a critério de quem nos ouve. Para ser mais claro, os sons que mexem com a cabeça de todos dos Haxixins são: TIM MAIA, RACIONAIS MC´S  e é claro que os pesadelos do pop, esquecidos nas coletâneas do ACID VISIONS, BOULDERS, STEAM KODOK e TURKISH DELIGHTS.

2)No Brasil o som de garagem ainda é uma cultura à deriva, no entanto, diversas  bandas, como Os Cavernas e a Fuzzfaces, hoje em dia carregam essa herança musical com muito orgulho.  Existem bandas nos tempos atuais que Os Haxixins consideram irmãs?
Existe uma grande coincidência. As verdadeiras bandas de "garage" surgiram aqui na Zl de São Paulo quase que todas no mesmo bairro, isso facilitou a proximidade e amizade entre as bandas. Temos uma grande admiração e respeito por todas. Tais como: Transistors ,Laboratorio sp, Migalhas, Os skywalkers , gasolines, Os cavernas , Paralelles, Os hicthicokes, Os Farpas , Os Coveiros da quarta parada , Black Needles , as Cobras Malditas. Mas diretamente, quem influenciou-nos e  consideramos como a mais autêntica e extinta banda é o FUZZFACES.
3)Os Haxixins são conhecidos por estamparem o visual, no geral, sessentista dos instrumentos musicais até as vestimentas. Conte-nos sobre esse estilo de vida que norteia a banda.
Nosso visual é, no mínimo, curioso. Não temos vergonha das roupas que vestimos , isso vale tanto para o show quanto para o dia-dia. Já até tivemos que brigar nos empregos para manter as roupas e principalmente as cabeleiras (risos). Os instrumentos antigos servem para nos aproximar ao máximo da sonoridade sessentista.
4) O que os integrantes da banda pensam sobre a musicalidade dos anos 70 no geral, no Brasil e no mundo?
Vamos fazer o seguinte a banda responde pelas influências dos anos 60 , mas eu, Edu, conheci uma pessoa que influenciou-me profundamente , não só musicalmente mas também na vida. O finado Martins que Deus ou o Diabo o tenha me apresentou os anos setenta. Quando ouvi na fita cassete American Woman da banda Guess Who, fiquei perplexo e então resolvemos formar uma banda, que chamamos de Kálisse e, posteriormente, denominamos Os Velhos Lobos. Tocávamos Aphrodities Childs e classicos esquecidos e adormecidos que me fizeram despertar um interesse pela sonoridade impar. Mas o que realmente me deu tesão foi tocar o lado b dos anos 70 com outra banda a Cash Box que formei com Acácio Vaz do (The Clavion), Angelo Aquino (Kálisse), Mau Mau (Kálisse) e Sergio Dias (Kálisse). Tocávamos sons de bandas conhecidas e desconhecidas, tais como: "Ever day" Slade ," Stormbriger" Deep Purple  , " WISHING WELL" FREE  e mais, Ufo ,Uriah Heep, entre outras.
5 )O livro O Clube dos Haxixins, a referência cultural por trás do nome da banda, faz menção a um grupo de intelectuais que se validavam do uso de alucinógenos para conseguirem estágios alterados de consciência, capazes de transmutar a percepção da realidade através do contato com os sonhos. Como Os Haxixins expressam essa idéia em suas músicas?
Nossas experiências com alucinógenos nunca foram com o intuito de compor ou criar melhor. Vemos simplesmente o prazer que nos é proporcionado. Mas é claro que sempre quando voltamos das viagens nos sobram coisas que colocamos nas letras,  nos ritmos das músicas. De uma coisa vocês podem ter certeza: nem se quiséssemos conseguiríamos transcrever as experiências vividas no mundo "irreal" que gostamos muito de visitar (risos).
6)Nos anos 60, os sons de bandas como The Seeds, The Monks, The Sonics, entre outras, eram considerados ultra-modernos, faziam músicas para os jovens e representavam o futuro. Hoje, estar dentro desse nicho musical, ainda carrega o mesmo significado?
Com certeza, para muitos esse estilo de som é coisa de outro mundo. Pensando bem, até que não é "de outro mundo".
7)Os Haxixins, quando da entrada de Caio Sergio, passaram por uma mudança de formação. Isso influenciou a sonoridade da banda? Se sim, em que sentido?
Veja bem, interfere um pouco no sentido de "pegada", e a maneira que cada um toca seu instrumento. Mas temos uma opinião formada do que a banda se propõe a fazer com as referências sixties.
8)Como foi tocar no primitive festival, um evento ao estilo revival, voltado para os primórdios da música moderna, ao lado de bandas como Fleshtones?
Aquilo ali é um mundo a parte. Parecia que tínhamos voltado no tempo, para onde se olhava tinha gente estranha como nós. E o melhor, depois que acabamos de tocar os Fleshtones fizeram questão de ir até nosso camarim munidos um Whisky para brindar o show que fizemos. Enfim, o que aconteceu depois fica na memória! (risos)
9) Conte-nos outras bandas com quem considerem importante ter dividido palco.
Com certeza uma banda de menos expressão mas com a mesma grandiosidade de espirito e musical foram os italianos da banda HANG-V, que conhecemos no Primitive também.
10) Divida conosco alguma história engraçada ou digna de nota que tenha acontecido em alguma das turnês dos Haxixins pela Europa!
Essa deveria sair no GARAGE NEWS. Na última turnê tocamos na França com nada mais nada menos que com a famosa banda punk UNDERTONES, mas antes disso na passagem de som tivemos um embrólio com o baterista. Simplesmente ele não queria que usassem sua bateria. Ele se esqueceu que tínhamos atravessado o Oceano Atlântico para tocar, enfim, depois de muita insistência  resolveu deixar. Ficamos "putos" com a situação, mas como o mundo dá voltas e nesse caso foi logo que a banda UNDERTONES começou a tocar. O cabo de guitarra dos caras simplesmente resolveu não funcionar e aconteceu que tiveram que ir até nosso camarim pedir o nosso emprestado. A sorte é que não somos cuzões como certos punks que conseguiram um pequeno destaque nesse mundo. Ou seja, emprestamos os cabos e ainda Fábio Fiuza tirou uma onda dizendo que se o cabo falhasse era só torcer umas das pontas...(risos)
11) No mês de Julho, Os Haxixins estiveram em turnê pelo nordeste do Brasil, em cidades como Recife. Vocês conhecem algo sobre o som de garagem ou até mesmo psicodélico no norte do país?
Sinceridade não conhecemos muitas coisas, mas recentemente conhecemos a banda Anjo Gabriel que se enquadra no estilo psicodelico e  progressivo , também foram eles que marcaram essa tour.
12) Fale um pouco sobre a discografia da banda e os projetos da banda para o futuro.
Não há muito o que falar, os discos são esses aí que todos podem ouvir. Muita primitividade, gravações analógicas, uma garage sem frescura. Já o terceiro álbum que estamos preparando pretendemos usar instrumentos de sopro, harpa, piano, bem inspirado no FUTURE dos The Seeds.
13) São Paulo, no país, é conhecida por uma cultura de bares e botecos extremamente difundida. Soubemos recentemente que sua banda tem um Bar, o qual apóia o rock’n’roll clássico, psicodélico, de garagem, ácido e afins. Conte-nos sobre essa experiência.
Bom não é fácil , estamos na zona leste de São Paulo, tentando trazer algo que muitos desconhecem. O blues e o jazz tem seu domingo garantido e é nisso que acreditamos, antes de qualquer coisa somos músicos e todos que pisarem aqui terão seu devido valor.
14 ) A literatura certamente, a julgar pelo nome, influenciou Os Haxixins em sua jornada. O mesmo pode ser dito do cinema? Se sim, indique-nos alguns filmes que participaram de suas histórias.
Com certeza, até temos um curta e projetos para fazermos outros filmes que estamos escrevendo. Tem vários clássicos que gostamos e poderíamos falar, mas fica aqui a dica. Assistam FARRAPO HUMANO, do diretor Billy Wilder.




15) Jogo rápido:
Iron Butterfly ou The Sonics?
MUSIC MACHINE
Cerveja, Pinga ou Tequila?
OS TRÊS
Psicodelia ou Acidez?
THE DOORS consegue os dois.
Futebol ou Sinuca?
os dois
Tim Maia ou Os Mutantes?
Sempre Tim
Feijoada ou Maria-Isabel?
Maria-Isabel porque é mulher, mas não sabemos o que é isso!
16 ) Deixem alguma mensagem para os ouvintes da banda Os Haxixins.
ESCUTEM COM MODERAÇÃO NÃO SOMOS RESPONSÁVEIS POR NENHUM DANO CAUSADO A SUA MENTE!
 Muito obrigada pela entrevista, contem sempre com o Blog Mondo Teeno quando precisarem! Abraço!

Contato: http://www.myspace.com/oshaxixins ;
                        bookingoshaxixins@yahoo.com.br ;
                        http://facebook.com/oshaxixins .

domingo, 31 de julho de 2011

Sindy - British Pedigree Doll

E quem não conhece a Sindy? Aquela adorável boneca que tinha o corpo um tanto desproporcional, mas ajudava as pequenas princesas a sonharem com uma vida adulta muito antes de realmente conseguirem colocar a mesma em prática!
 Pois bem,  a boneca é inglesa e existe desde 1963 e foi criada pela Pedigree Dolls and Toys
Em 1977, a Sindy começou a ser produzida com uma maquiagem mais acentuada e isto foi capaz de fazer seu mercado expandir até a América do Norte, pois as garotas americanas não tinham um modelo tão parecido com a mulher na maturidade até então. 
Em 1979 a boneca conseguiu remexer ainda mais o imaginário das menininhas e adolescentes com o lançamento do modelo sleepin' doll, um revolucionário type que trazia um tom um tanto quanto realístico pra vida desses seres do sexo feminino, pois vinha com pálpebras móveis. Agora a moça podia sonhar enquanto tinha certeza que seu duplo, seu alter ego ou id, dependendo da mente da criança, também fazia o mesmo. 

 Era quase uma sincronia psicológica, uma tranquilidade de saber que nenhuma parte de você estaria em outro mundo brincando de casinha (no caso, seu eu-boneca) enquanto você com seus desejos de mocinha se aventurava pelo mundo dos sonhos.
A Sindy por muito tempo foi a heroína das jovens moças desse incrível Mondo Teeno, e continuou nessa posição até o fortalecimento da Estrela, que a partir dos anos 90 conquistou as meninas com Barbie, a usurpadora.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ovelhas Negras - Caio Fernando Abreu


"Remexendo, e com alergia ao pó, de dezenas em pastas em frangalhos, nunca tive tão clara certeza de que criar é literalmente arrancar com esforço bruto algo informe do Kaos. Confesso que ambos me seduzem, o Kaos e o in ou disforme. Afinal, como Rita Lee, sempre dediquei um carinho todo especial pelas mais negras das ovelhas".


Assim Caio termina a introdução de seu livro "Ovelhas Negras", compilado em 1995, com contos que vão desde 1962 até 1995, um ano antes da morte do escritor.
Segundo Caio, o livro é uma espécie de "(...) autobiografia ficcional, uma seleta de textos que acabaram ficando de fora de livros individuais. Alguns, proibidos pela censura militarista; outros, por mim mesmo, que os condenei por obscenos, cruéis, jovens, herméticos, etc. Eram e são textos marginais, bastardos, deserdados. Ervas daninhas, talvez(...)".
Caio Fernando Abreu é, sem dúvida, um dos escritores mais contundentes e apaixonantes da sua geração. Seus contos são poesia cotidiana, recheada do fel que é sorvido pela ironia humana. Os contos de Caio são pequenos pedaços de uma colcha de retalhos. Juntos têm uma força inimaginável. Os deste livro em especial são viscerais. Um verdadeiro tiro no peito. Daqueles que te fazem morrer bem devagarinho, lembrando de todos os momentos em que você queria ter vivido, mas se escondeu em sua máscara de cordeirinho.


"Parece incrível se estar vivo quando não se acredita em mais nada".O sentimento de perda nos livros desse autor sempre são profundos e doidamente presentes, e em "Ovelhas Negras" eles ganham um reforço especial. São esboços, de pensamentos talvez vãos, sujos pelas impurezas do não-branco das cidades.
Esses textos tiveram que ser deixados na gaveta de Caio por alguns bons anos, para que ficassem protegidos do lobo mau da crítica e incompreensão daqueles que não se bastam com um sorriso ao pôr-do-sol. Embora seja deveras significativo, Caio ainda é desconhecido pela maioria. Apenas alguns relegados estão acostumados com suas palavras de aço e pluma.
Os textos de "Ovelhas Negras" são o contrasenso, o marginalismo, o nonsense da literatura de Caio.
Esses dias em uma conversa sobre literatura, uma amiga disse que os escritores de que mais gostava eram aqueles que escreveram o que ela desejaria, com suas mais intrínsecas forças, ter escrito. E ambas concordamos que Caio é assim.
Todas as suas palavras ferem nossa alma, lembrando-nos que todos os dias são cinzentos se não olharmos pelo caleidoscópio da ilusão de ser.Vivo, lúcido, inconseqüente, imoral...humano.
Leia, e depois prepare-se para nunca mais deixar de lembrar dele em seus grandes e pequenos momentos.
Onde as negras ovelhas não são as renegadas, mas as bem-vindas.


Patricia Pirota, vulga Minina Má.